Como já havia feito em À sombra da modernidade, seu notável livro de ensaios, Fabrício Tavares de Moraes mostra, em E bem quisera que já estivesse em chamas, sua primeira obra de ficção, a mesma ambição estética e profundidade intelectual que o caracterizam. Aqui, ele se afirma entre os grandes contistas da Weltliteratur, não apenas pelo estilo — denso, robusto, ora maravilhosamente intrincado, ora admiravelmente sombrio —, mas também pela variedade e intensidade dos temas.
O título e a epígrafe, marcas de todo grande escritor que sabe escolher suas chaves de entrada, já antecipam o tom do livro: perplexidade diante da alegria, a presença quase insuportável do mistério em meio ao sofrimento do mundo e, ao mesmo tempo, um chamado à lucidez e à busca por uma verdadeira iluminação.
Os contos não são fáceis… Mas isso é uma virtude. Eles exigem do leitor atenção plena, releituras, anotações à margem, o retorno constante a páginas já percorridas. Pois aqui o autor parece alcançar, consciente ou não, o que se propôs desde a primeira palavra: um chamado à vigilância espiritual, à percepção de que o mundo visível oculta realidades mais profundas — de dor, sim, mas também de redenção.
— Karleno Bocarro, autor de As almas que se quebram no chão
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